segunda-feira, 21 de setembro de 2009

MOÇA-DISTANTE

Tenho saudades
Da voz rija do tambor a rasgar a noite fria e rústica
Tenho saudades dos gaios calcando as veias nuas do areal

Do silencio embalsamado no teu corpo dizendo me segredos ineditos
Do tamborilar distante desaguando como em falésia longínqua

Tenho saudades
Do mar em tarde ardente como uma lareira aconchegada
Dos corações tamborilando ao ritmo da marrabenta

Meu coração se cala como um mastro abatido
Quero chorar e minhas glândulas são como a terra estéril do sahara

Quero beber o uputso do meu pensamento
E ranger como uma decrepita sucata e oxidada.

Tenho saudades das acácias sorrindo em desalinho
Pelas ruas acidentadas da minha negra fecticia

Tenho saudades dos caminhos e dos quintais esverdeados
Das palhotas de caniço bebendo a agonia dos dias

Olho a volta e vejo altos castelos, ruas de pedra e o triste sinfonia das maquinas
Minha cor se mistura no branco de outras paragens

Aqui não vejo o nascer de um sorriso, nem a linda carapinha das moça-mbicanas
Ninguém me olha, ninguém me escarnece, ninguém me “capisce”

Tenho saudades do meu Moça-distante
Do tronco a volta da lareira e da sifonia selvagem.

A nostalgia que eu sinto
Dispensa o oficio dos artífices, não entende a arte
Sinto saudades da minha terra


Itália (Vercelli), 11.09.09 (02:15), sexta feira

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